Sobre viajar sem rodinhas

Trem para Águas Calientes

Sair da zona de conforto é uma tarefa muito difícil. Tirar os sonhos do papel parece ser tarefa mais difícil ainda. Lembro que quando tinha 15 anos fiz uma espécie de Plano de Vida onde um dos tópicos era: ter boas histórias para contar quando ficar velhinha.

E estas histórias são construídas agora, com meus vinte poucos e não depois que eu preencher todas as lacunas para ser considerada "bem sucedida". São construídas enquanto o meu joelho ainda não dói para subir montanhas. Enquanto ainda consigo virar uma noite sem me sentir morta no dia seguinte. Sim, construídas enquanto o corpo ainda aguenta.

Dá medo sair da caixinha e experimentar o novo. Mas nem o corpo e muito menos o medo me impedem de querer substituir a frase: sempre quis ir para quando eu fui. Durante o meu primeiro mochilão conheci várias pessoas que, assim como eu, guardavam cada centavo para ver o mundo além das fotos. Para conhecer novas pessoas, cultutras e costumes ali, na prática.

Viajar sem rodinhas é contar com a ajuda de outras pessoas e perceber que tudo o que você precisa pesa menos de 10 quilos. É ficar feliz por qualquer pessoa puxar papo com você e, com isso, poder trocar histórias de perrengues e lugares que você já foi.

É perceber a semelhança entre tanta diferença. E o melhor, ver que aquele lugar é bem mais incrível do que visto por uma foto.

Não tenho tempo nem dinheiro

São escolhas; não troco um vestido por uma passagem. E o Brasil é campeão de feriados, não dá para reclamar de tempo.

Não ir à festas que todo mundo vai me dói muito menos do que não fazer a viagem que todo mundo fez. E quando digo viagem, não me refiro ao cruzeiro ou resort all incluse super badalado. Não que seja ruim, deve ser ótimo! Mas sempre vivi as melhores histórias ficando nos piores lugares com as pessoas mais simples.

Qual foi a última vez que você acampou ou fez uma trilha? Gosto da cidade, mas a vida fora da caixinha é bem mais interessante.

Aproveite!

Michelle Brito